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O que aprendi sendo xingado na internet

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Por Allan Patrick

Atualização de uma resenha publicada no skoob.

Antes de mais nada, para que não fique nenhum mal entendido e alguém imagine que sou um troll anti-sakamoto, esclareço que adquiri três exemplares desse livro, um pra mim, dois para doá-los à biblioteca pública da universidade onde estudei (UFRN). Além disso, sou contribuinte mensal da ONG Repórter Brasil, dirigida pelo jornalista.

A minha primeira bronca com a obra é o apelo ao ponto de vista “isentão” que Sakamoto faz ao analisar a crise política atual, que vem desde 2014. Ele afirma que o radicalismo contemporâneo não é produto do extremismo alimentado pela direita mas de um “monstro que foi alimentado pelos dois mais importantes partidos políticos brasileiros” (pág. 10 da minha edição, de 2016).

Minha segunda bronca é com sua abordagem crítica em relação ao bolsa família (pág. 44), como se este não fosse um dos programas com maior acúmulo de dados e pesquisas acadêmicas mostrando sua eficiência. Sua crítica ao bolsa família parece ser direcionada a agradar o leitor de classe média alta carregado de preconceitos contra o programa.

Mas tem mais, Sakamoto arruma tempo pra bater palma pros programas sociais do governo FHC (pág. 111) e ataca o PT por ser muito “pragmático”, pois faz alianças políticas de “conveniência”.

Hora, mas não era ele que poucas páginas atrás tentava agradar o leitor ogro inimigo do bolsa família?

Como é normal nesse tipo de crítica ao PT, Sakamoto deixa de indicar qual seria a alternativa a esse pragmatismo.

Fechar o poder legislativo? Viver em permanente estado de conflagração? Já vimos que isso não dá certo.

Ao mesmo tempo em que acusa o PT de ser pragmático, põe nesse partido também a culpa pelos radicais de direita serem como são! (pág. 112).

A incoerência não para aí, pois apesar de atacar o PT por seu “pragmatismo”, condena quem se recusa a atender aos grandes meios de comunicação (o popular “PIG”) e recomenda à esquerda ser mais “pragmática” no trato com a imprensa (pág. 59). Deixa em segundo plano a questão da democratização dos meios de comunicação.

Qual seria a diferença, em termos de moral, entre o PP de Maluf e uma TV que desvia R$ 1 bilhão por meio da sonegação tributária?

Pra mim, o autor, por quem tenho imenso respeito como profissional, saiu menor deste livro.

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